Tem um ponto aqui que vc tocou que, como pesquisadora de cuidados, me sinto obrigada a explorar: a ideia de cuidado interdependente e como direito e dever universal é o caminho para a democracia plena. a ideia de independência e autonomia absoluta são uma falácia alimentada e potencializada pelo neoliberalismo. E aí disso o feminismo liberal se nutre muito ne?! O feminismo revolucionário não almeja sermos menos cuidadas, ao contrário todo mundo precisa aprender a cuidar e se deixar cuidar. Ai claro que os homens precisam aprender mais. Se cuide e se deixe cuidar minha querida!!! Um beijo grande daqui!
Esse texto bateu doído, porque para mim, o romance também tem um aspecto de “merecimento” muito sofrido: o romance é para as “escolhidas”, não para mim. Por isso, eu preciso ser a “garota legal” e desencanada que não faz questão de comemorar o dia dos namorados e acha que ganhar flores é uma besteira. Aí ganha um nível de complexidade muito revoltante quando a gente passa a crer, como você aponta no texto, que cuidado, delicadeza ou romantismo faria da gente menor, menos capaz ou menos feminista. E nessa, a gente vai se esforçando para esconder nossas dores e se adaptar, se contentar, enquanto os companheiros não precisam se esforçar emocionalmente para fazer o relacionamento bom para os dois. E isso, pra mim, custa mais do que louças lavadas.
Me identifiquei com a dinâmica familiar. Minha mãe passou no concurso público para procuradora com 21 anos (21!!!!! eu tava comendo terra com 21) e com 22 ela tomou posse grávida de mim. Aí cresci com essa ideia de que precisava ser autossuficiente e junto veio toda a autocobrança que é assunto semanal para terapia. Passei por muito perrengue em relacionamentos passados para entender a mesma coisa que você, mas ainda há muito trabalho pra minha psicóloga me ajudar a resolver, ainda me sinto “culpada” porque meu marido contribui muito mais que eu na parte financeira da casa, sendo que ele mesmo não vê problema nenhum nisso, pois “somos uma família, não uma empresa”. Doido demais. Espero que esteja sendo cuidada como merece :)
acho bem importante essa ideia de cuidar e ser cuidada, a ideia tão abandonada de solidariedade e de coletividade. fazer juntos. fazer um para o outro. não ser independente e autônoma, e sim saber que conta com uma rede de afetos e apoios, que faz parte de uma rede de afetos e apoios.
e aí saí totalmente do amor romântico (que é a dois e é "voltado um para o outro"), para o coletivo social.
Tem um ponto aqui que vc tocou que, como pesquisadora de cuidados, me sinto obrigada a explorar: a ideia de cuidado interdependente e como direito e dever universal é o caminho para a democracia plena. a ideia de independência e autonomia absoluta são uma falácia alimentada e potencializada pelo neoliberalismo. E aí disso o feminismo liberal se nutre muito ne?! O feminismo revolucionário não almeja sermos menos cuidadas, ao contrário todo mundo precisa aprender a cuidar e se deixar cuidar. Ai claro que os homens precisam aprender mais. Se cuide e se deixe cuidar minha querida!!! Um beijo grande daqui!
bom comentário. é isso aí.
Esse texto bateu doído, porque para mim, o romance também tem um aspecto de “merecimento” muito sofrido: o romance é para as “escolhidas”, não para mim. Por isso, eu preciso ser a “garota legal” e desencanada que não faz questão de comemorar o dia dos namorados e acha que ganhar flores é uma besteira. Aí ganha um nível de complexidade muito revoltante quando a gente passa a crer, como você aponta no texto, que cuidado, delicadeza ou romantismo faria da gente menor, menos capaz ou menos feminista. E nessa, a gente vai se esforçando para esconder nossas dores e se adaptar, se contentar, enquanto os companheiros não precisam se esforçar emocionalmente para fazer o relacionamento bom para os dois. E isso, pra mim, custa mais do que louças lavadas.
Me identifiquei com a dinâmica familiar. Minha mãe passou no concurso público para procuradora com 21 anos (21!!!!! eu tava comendo terra com 21) e com 22 ela tomou posse grávida de mim. Aí cresci com essa ideia de que precisava ser autossuficiente e junto veio toda a autocobrança que é assunto semanal para terapia. Passei por muito perrengue em relacionamentos passados para entender a mesma coisa que você, mas ainda há muito trabalho pra minha psicóloga me ajudar a resolver, ainda me sinto “culpada” porque meu marido contribui muito mais que eu na parte financeira da casa, sendo que ele mesmo não vê problema nenhum nisso, pois “somos uma família, não uma empresa”. Doido demais. Espero que esteja sendo cuidada como merece :)
acho bem importante essa ideia de cuidar e ser cuidada, a ideia tão abandonada de solidariedade e de coletividade. fazer juntos. fazer um para o outro. não ser independente e autônoma, e sim saber que conta com uma rede de afetos e apoios, que faz parte de uma rede de afetos e apoios.
e aí saí totalmente do amor romântico (que é a dois e é "voltado um para o outro"), para o coletivo social.